REFLEXÃO

REFLEXÃO


Se em Portugal se realizasse um estudo sobre o mercado de funerais, com certeza concluíamos que os responsáveis técnicos de funerárias independentes são mais acessíveis do que os grandes operadores funerários.

Embora esta notícia conduza a uma maior procura das empresas independentes, também será fácil encontrar evidências de vulnerabilidade generalizada do consumidor no mercado, falta de transparência, autorregulação ineficaz e baixo nível de compreensão das famílias sobre como avaliar os padrões.

Em particular, o consumidor desconfia e fica alertado quando verifica as grandes diferenças de preços para o mesmo tipo de serviço, concluindo desde logo poderia economizar muito dinheiro se consultasse vários operadores. É possível concluir que os consumidores enlutados não compram funerais da mesma forma que fariam com compras igualmente caras, devido à falta de experiência no mercado de funerais e à natureza emocionalmente exposta e pressionada pelo tempo da compra.

Com base nestas premissas, o setor funerário necessita de tomar medidas que protejam as pessoas que lamentam a perda de um ente querido e que estão extremamente vulneráveis para não correrem o risco de ser explorados. Precisamos ter a certeza que adotamos mecanismos transparentes que não conduzam a aumentos/reduções substanciais e/ou artificiais nos preços dos funerais.

De facto, para o consumidor poder comparar os preços, as empresas devem fazer o esforço de alicerçar os seus preçários a padrões inequívocos, que simultaneamente sejam mecanismos de defesa, e consolidar a transparência de procedimentos através da celebração de um contrato funerário. Não é suficiente apostar na via digital como marketing dos seus preços e serviços porque, a maior visibilidade, ainda acentuará mais as comparações negativas dos leigos na matéria que “consomem” a informação (consumidores).

Carlos Almeida | Presidente da Direção