FORMAÇÃO EM E-LEARNING: A ‘DGAE’ TEM ANDADO POR CÁ?

FORMAÇÃO EM E-LEARNING: A ‘DGAE’ TEM ANDADO POR CÁ?


As recentes notícias evidenciam uma forte “estatização” das grandes linhas de apoio. Em concreto, dos 20 projetos aprovados que maior financiamento tiveram do Portugal 2020, 19 são do Estado. Todos estes projetos utilizam o argumento de que são úteis para as empresas e para a economia. Sendo que na realidade evidencia o pagamento de despesas gerais do próprio Estado, na sua própria máquina de funcionamento.

O tecido empresarial de micro e pequenas empresas, aquelas que dão base e sustento às estratégias setoriais e regionais, está afastado do Portugal 2020, precisamente pela menor dimensão e pelas dificuldades técnicas em aceder àquele quadro.

Podemos afirmar que o caso mais grave está ao nível da formação profissional. As alterações feitas neste Quadro Comunitário irão comprometer em larga escala o futuro das empresas, que hoje têm enormes dificuldades em obter mão-de-obra qualificada, após seis anos de forte paragem nos investimentos na área da formação profissional.

A paragem abrupta nos investimentos da formação contínua de ativos provocou um enorme desequilíbrio na obtenção de mão-de-obra qualificada, através das ações de qualificação e requalificação. As verbas do Fundo Social Europeu, neste quadro Comunitário, estão mal distribuídas e têm sido utilizadas para pagar despesas correntes do Estado no Ministério da Educação e no Ensino Superior. Deste modo, um meio essencial ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas foi relegado para um plano secundário, desvirtuando todo um programa consumindo um elevado número de recursos no aparelho não produtivo do Estado que não darão qualquer contributo para o crescimento da economia e das empresas.

A par disto, a taxa de execução dos projetos aprovados para o Estado e Empresas é baixa devido aos problemas do funcionamento das plataformas e dos procedimentos que as empresas não entendem e que complicam a execução e o formalismo exagerado das equipas de análise, que desmotiva os empresários, não habituados a tanta complexidade e falta de perceção da realidade das empresas.

Está a ser descurada a proximidade que as Associações Empresariais detêm no tecido empresarial e o conhecimento das reais necessidades das empresas, pelo que desejavelmente devem ter maior participação e responsabilidade na qualificação e formação de adultos, porque não é possível desenhar-se um projeto formativo de sucesso se não existir um conhecimento profundo da realidade do setor funerário e das necessidades das empresas.

A ANEL já tentou uma aproximação com o IEFP propondo um trabalho conjunto muito simples e vantajoso: A ANEL indicava os alunos (ativos empregados), em que regiões se encontravam e as matérias formativas. O IEFP adicionava os ativos desempregados no mercado de trabalho e dava bom uso às verbas do Orçamento de Estado e dos Fundos Europeus. Esta proposta não prejudica a abertura de concursos para associações Empresariais no âmbito do POISE e PO regionais na área da formação profissionalizante e qualificação de ativos, no que concerne a cursos formações modulares.

Em conclusão, a formação contínua de ativos num contexto onde a requalificação de ativos é fundamental para a competitividade e produtividade não se alcança com a realização da formação em e-learning em que o único objetivo do aluno é “comprar uma qualificação”, nada aprender e ser um mau profissional no futuro. O objetivo da empresa promotora, o de vender qualificação (lamenta-se que o sistema de certificação SIGO o permita) simplesmente por ser esse o seu negócio. Em contraponto, nesta fase pandémica que nos assolou, a ANEL pediu autorização à DGAE para concluir formações em e-learning SÍNCRONA (em tempo real o aluno está ligado à plataforma) e esperou um mês para obter uma autorização provisória e excecional que expira no fim do mês de Junho.

A ANQEP (Agência Nacional para a Qualificação) respondeu que a formação modular não pode ser promovida em e-learning.

O que acontece aos alunos que fizeram a sua formação em e-learning no caso de verem a sua certificação de formação anulada?

A empresa promotora devolve o dinheiro?

É caso para perguntar se a DGAE tem andado por cá?

Fico curioso!

Carlos Almeida | Presidente da Direção